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A discussão da problemática do trabalho, elemento que permite articular as diversas perspectivas de pesquisa, requer adequações teóricas e metodológicas que possam promover o diálogo entre saberes práticos, saberes acadêmicos e valores. A interdisciplinaridade se faz, portanto, obrigatória, entendendo-se que sua realização em cada uma das pesquisas adquire características particulares, uma vez que mobilizam áreas de conhecimento diferenciadas.

Considerando que o objeto específico do grupo é o trabalho humano, baseamo-nos em estudos desenvolvidos pela Ergonomia da atividade que redirecionam o entendimento do que é trabalho e instauram a atividade como unidade de análise do que realiza o trabalhador, a quem compete fazer dialogar as regras gerais e a sua subjetividade, na micro-organização cotidiana do trabalho.

Outros estudos que incorporam a ação do trabalhador em sua atividade são provenientes da Ergologia e da Psicologia do Trabalho, tal como desenvolvida pela Clinique de l’activité. A primeira considera “os usos de si” convocados por todos os seres industriosos como uma marca do trabalho que não pode ser desconsiderada e entende  que há um movimento intrinsecamente necessário à atividade em cada situação de trabalho: um contínuo e ininterrupto refazer da ação a partir das normas organizadoras e reguladoras. A atividade do trabalhador é, portanto, sempre e necessariamente um encontro entre a norma e a sua renormalização, que, além de individual, guarda a memória do coletivo ao qual se conecta a atuação do profissional. A segunda sistematiza um diálogo com os estudos bakhtinianos e coloca no centro da atividade o sujeito que a realiza, mas que necessita do outro para construir o seu objeto: o acesso ao objeto trabalho é sempre indireto; é sempre pré-habitado pela atividade do outro. Atividade atravessada por um conjunto de ações que incluem os diferentes atores sociais direta ou indiretamente envolvidos na situação e, ainda, os níveis de prescritos que esse trabalho pressupõe. Percebe-se, portanto, que os estudos sobre a atividade do homem no seu trabalho vêm recebendo muitas contribuições de diferentes áreas e, só mais recentemente, dos estudos da linguagem.

Nosso propósito, no âmbito desse marco conceitual, é buscar a contribuição das disciplinas que pensam o trabalho, aliadas aos estudos discursivos, como fundamentais para se entender e analisar a atividade de trabalho. Observar tal objeto sob o prisma enunciativo–discursivo viabiliza a análise da linguagem em relação ao sujeito e às práticas sociais e permite contemplá-la a partir da heterogeneidade enunciativa. A amplitude dessa abordagem possibilita a interlocução com campos que se ocupam da linguagem no âmbito das singularidades e em sua dimensão sócio-histórica, o que implica assumir as relações contraditórias, conflitivas, como realidade constitutiva das práticas linguageiras.