logo GT_LET
Inicial
Coordenação
Linhas Temáticas
Produção Acadêmica
Contato
Participantes
Histórico
Orientação Teórica
Plano de Trabalho
Links
         

participantes


1. ESTUDO DAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM EM SITUAÇÃO DE TRABALHO

As pesquisas direcionadas para a temática referente à primeira linha partem do princípio segundo o qual para se conhecer qualquer atividade de trabalho é necessário inserir o trabalhador no dispositivo de pesquisa, a fim de melhor compreender como ele “reconcebe”/reconstrói não só o trabalho que lhe é prescrito pelas diferentes organizações, mas também aquele que ele realiza. Essa postura implica um duplo movimento por parte do pesquisador: por um lado, distanciar-se do ator social para tentar compreender seus pontos de vista e valores e, por outro, assumir a responsabilidade de sua posição singular, que, no entanto, implica reciprocidade na compreensão da problemática, condição possibilitadora da descoberta daquilo que ambos não viam até então. A atividade do/a pesquisador/a, analista de discurso, consiste em tentar captar algo do modo como o trabalhador se vê para “mapear” o que se pode ver do que ele vê, partindo sempre do princípio da interincompreensão, segundo a qual o olhar e o discurso de/sobre o outro não coincidem nunca com o olhar e o discurso dele próprio. A pesquisa possibilita ao pesquisador e ao outro, seu interlocutor, a percepção e circulação de novos sentidos. A atividade recobre aquilo que a ergonomia de língua francesa designou de realização da tarefa, a partir da evidência da distância entre trabalho prescrito e trabalho real. Contudo, essa designação inclui também as “escolhas”, as provas, os obstáculos transpostos para fazer o que há a fazer, assim como o que se quer/o que se pode fazer. As metodologias utilizadas visam a que se coloque em palavras aquilo que, inicialmente, é do campo da ação.

2. ESTUDOS DOS DISCURSOS NOS QUAIS O TEMA DO TRABALHO É RELEVANTE

As pesquisas direcionadas para a segunda linha buscam ampliar/relativizar a noção de “situação de trabalho”: o que está em jogo na abordagem do tema trabalho é toda uma rede de produções discursivas, compreendendo desde as produções mais “locais”, no interior de uma situação stricto sensu, até as mais “externas”, segundo se verifica quando a mídia, por exemplo, põe em circulação textos de diferentes procedências (a voz governamental, a voz de um expert, a voz de um trabalhador ou de um representante seu etc.). De tal confluência de discursos resultam diferentes efeitos de sentido que irrompem em um dado momento, se (re)definem ou se apagam. Trata-se de estudos que possibilitam o resgate de uma certa historicidade do homem no trabalho, daquilo que dele ficou registrado em diferentes suportes, o que implica a possibilidade mesma de recuperação / construção de uma memória discursiva, a qual, enquanto prática discursiva, compreende um certo conjunto de textos produzidos e, simultaneamente, a concretização de uma comunidade discursiva, pólos que, se interlegitimam. Além do resgate da historicidade do homem no trabalho, outro aporte relevante desta linha é a construção de um certo “quadro nocional” cujo modo de existência é fundamentalmente discursivo. Pergunta-se: de que modo poderíamos ter acesso à produção de determinadas categorias como as de trabalhador ou operário – categorias genéricas que, por definição, jamais poderão ser encontradas numa situação de trabalho específica – a não ser por intermédio de sua atualização em diferentes realidades discursivas?

As pesquisas que se incluem nessa linha caracterizam-se pela investigação das práticas de linguagem sobre o trabalho e manifestam claramente um deslocamento em direção à ciência da história, da economia, entre outras ciências sociais. Já as pesquisas incluídas na primeira linha possuem uma afinidade muito forte, no plano da interdisciplinaridade, com a abordagem possibilitada pelos estudos em sociologia, ergonomia, psicologia do trabalho etc. 

3. ESTUDOS DAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM EM SITUAÇÃO DE TRABALHO (TRABALHO REALIZADO NO INTERIOR DAS DIFERENTES CLÍNICAS DA LINGUAGEM, A EXEMPLO DA FONOAUDIOLOGIA, PSICANÁLISE, ENTRE OUTROS)

Finalmente, as pesquisas voltadas à terceira linha propõem-se à abordagem linguística do sintoma de linguagem, considerando sua natureza no quadro das patologias. Investigam epistemologicamente o conceito de sintoma, a fim de elaborar teorização linguística e clínica articulada às concepções de linguagem e de sujeito, tendo em vista as especificidades enunciativas da fala sintomática. Buscam, também, problematizar a relação entre a linguística e a linguagem dita "patológica" com a intenção de reunir elementos que permitam estudar o sintoma de linguagem de um ponto de vista articulador das diferentes instâncias da clínica de linguagem. Um programa de pesquisa assim esboçado permite desenvolver uma linguística dirigida aos "falantes-ouvintes não ideais" - gagos, afásicos, disléxicos, etc. - que é de suma importância para o campo clínico e educacional. Em termos programáticos, a linguística da enunciação articulada à clínica contribui para: a) a consideração da figura do locutor/sujeito na análise dos dados; b) a abordagem da relação enunciado/enunciação para o estudo da especificidade do sintoma em cada sujeito, colocando-se em relevo o processo (enunciação) e não apenas o produto (enunciado).
Enfim,a linguística da enunciação, ao estudar o sintoma no quadro da singularidade dos sujeitos, problematiza a invariância dos dados, ou seja, não se trata mais de descrever a patologia na sua generalidade, mas, sim, como um funcionamento da linguagem.